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Por que um ensaio fine-art é mais do que uma foto bonita

Uma vivência artística que transforma a imagem em obra — e a pessoa em presença.


Por que um ensaio fine-art é mais do que uma foto bonita

Na era da imagem rápida, do filtro pronto e da selfie descartável, criar uma imagem com intenção é quase um ato de resistência. Meus ensaios nascem desse desejo: resgatar a aura da imagem — mesmo que Walter Benjamin tenha dito que ela se perdeu na reprodutibilidade. Acredito que ela pode ser reencontrada quando olhamos para a pessoa como única, como obra.

Um ensaio fine art, pra mim, é mais do que registrar uma pose bonita. É desenhar com a luz, com o corpo, com a essência. Cada pessoa carrega uma aura — e minha missão é fazer com que ela transpareça na imagem. Isso também significa respeitar a singularidade de cada foto: não há presets ou edições em massa. Cada imagem é tratada com cuidado, com atenção, com tempo.

Mais do que quantidade, busco qualidade. Se o ensaio precisa de mais tempo, damos esse tempo. Se a edição exige um dia inteiro, tudo bem. Meu compromisso é com o resultado como peça, como algo que possa ser emoldurado como um antigo quadro.

Durante o ensaio, quero que a pessoa se sinta vista, única, confortável. E, na entrega, que se veja como uma obra de arte. Não é apenas um olhar técnico: é um olhar artístico, afetivo.

Retrato de moça em estúdio artistico

Processo e criação: entre referências e afeto

Tudo começa com conversa. Gosto de trocar referências antes — pode ser um livro, um filme, uma pintura, até uma escultura. Se a pessoa ainda não tem uma visão clara, eu separo referências que sinto que combinam com ela, a partir do que conversamos.

Durante o ensaio, fico entre direção e fluidez. No começo, dou mais direcionamento, especialmente pra quem está pela primeira vez em frente a uma câmera. Aos poucos, mostro algumas imagens durante a sessão, e isso ajuda muito: ver o que está nascendo já traz segurança e brilho nos olhos.

A espontaneidade é o que mais valorizo. Aquele instante entre o gesto e o repouso. Gosto quando o ensaio vira uma conversa — antes, durante, depois. Saber quem é aquela pessoa, ou aquele casal. Criar esse vínculo muda tudo.

Retrato de Mulher na floresta

Mais que uma sessão: uma experiência

Pra muitas pessoas, esse é um momento único. Às vezes, é o único ensaio profissional da vida. Então me preocupo para que seja especial, de verdade.

Acredito que se ver como arte tem um impacto profundo. Num tempo em que fotos são corriqueiras e esquecidas em rolos de câmera, preparar-se para um ensaio fine art é fazer um ritual de presença. Parar, organizar, se produzir… tudo isso transforma a imagem em algo mais raro. Algo seu.

Retrato de Mãe e bebê

Fotografia como memória, presença e objeto

Apesar de não ser fotografia documental, cada ensaio carrega memória: de uma fase da vida, de uma relação, de um momento interno. Já fotografei casais logo antes ou depois do casamento, famílias com filhos pequenos, pessoas de mais idade celebrando a própria história. É um jeito de parar o tempo.

Sim, selfies têm valor. Mas elas são rápidas, fugidias, e muitas vezes esquecidas. Um ensaio é o oposto: é uma experiência de ser transportada pra um tempo só seu. Uma memória viva, feita com afeto, registrada com arte — e guardada como prova.

Espero que, ao rever essas imagens daqui a 10 ou 20 anos, a pessoa lembre com carinho da brisa do mar, do cheiro do campo, de como se sentiu. A pessoa no centro do universo, mesmo que por uma hora. E que a prova esteja ali: numa fotografia linda de um tempo passado, eternizado.


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