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Os artistas abandonados na pandemia

Ser artista no brasil nunca foi fácil. Há 1 ano a pandemia foi decretada, há 1 ano os primeiros grandes cortes foram em comunicação e arte. Foi na produção de peças de design, contratos de mídia, e claro a arte como apreciação nem foi considerada dar continuidade. Não é hora de comprar quadros, investir em estética ou gastar com artigos de ‘luxo’. E de fato, a arte não é algo descartável mas também não é essencial como comida, casa, saúde.


Tivemos no início da pandemia um baque muito grande em todos os setores, um lock down real por longas (contém ironia) 2 semanas, e as coisas foram voltando ao ‘novo normal’. Partes da área criativa voltaram, inclusive mais fortes do que antes, contando com o investimento na presença digital, para consolidar marcas nas redes sociais. Virou tudo online, muito artista migrou para áreas relacionadas e foi encontrando seu jeito de sobreviver. Muita gente continuou usando da arte como escapismo fazendo shows online, peças virtuais… Mas muita gente não ‘conquistou’ seu espaço.


E o conquistou é entre aspas sim, pois diversos artistas não conseguiram se posicionar mas não foi por falta de vontade ou de luta. Muito artista tentou da melhor forma que soube, sem auxílio, sem empurrão, largado a própria sorte. Eu vi tantas pessoas talentosas que tiveram que vender seus equipamentos para pagar aluguel. É muito injusto falar que ‘não se esforçaram o suficiente’. Existem pessoas mais privilegiadas (como eu) que tinham uma casa para voltar, que tinham contatos bons e puderam manter produção artística, freelas. E ainda sim ver tudo voltando ao ‘normal’ mas a sua arte ficando pra trás. Porque “não é essencial”, a gente escuta.


Mas assim, não é essencial? Até onde eu sei as plataformas de streaming cresceram exponencialmente, inclusive foram criadas novas tamanha demanda de busca por, pasmem, arte. Pois seus filmes e seriados que te mantiveram sãos, são arte. A compra de livros aumentou, e literatura é arte. As plataformas de música tiveram uma alta demanda, dos artistas que tiveram dinheiro para publicidade.


A busca por entretenimento não diminuiu, muito pelo contrário, fortaleceu o entretenimento... de massa, de grandes corporações, de nomes consolidades. Os filmes independentes continuam esquecidos, os álbuns de música do seu vizinho continuam com poucos plays. Os fotógrafos que buscavam outras formas de fazer dinheiro sem se expor fora de casa foram ignorados.


Por um lado eu penso que ninguém é obrigado a comprar nada, mas se ninguém comprar, como vocês têm coragem de dizer que é falta de esforço nosso? Nós também temos contas pra pagar. Enfim, a hipocrisia de pagar (e caro) para grandes nomes e não incentivar a produção local não é novidade.


E aqui entra o meu desabafo, procurando formas de não precisar largar meu caminho que venho trilhando devagar e por anos, tomei coragem e estudei sobre Prints, sobre Fine Art, sobre como monetizar de alguma forma com o que produzo. Me lancei no mundo de artista e o que (quase) todo mundo fez foi incentivar com palavras, o que é ótimo, mas não paga as contas. Alguns comentaram que é caro, e de fato, não é barato, mas o material é caro também.


Antes de usar a desculpa que arte não é essencial, para por um minuto para pensar no que você consome diariamente. Tenho certeza que pelo menos 1 citada anteriormente faz parte do seu dia. Pensa também em quantas pessoas você conhece que produzem algum tipo de arte e você nem compartilha no Instagram, da música do amigo que você nunca ouviu, da foto que você não curtiu, da peça de teatro que sempre ficou pra depois.


Foto de RF._.studio no Pexels

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